Dra. Lia Alves Schinetski, PHD

Hipermobilidade: pode ser ruim ter muita flexibilidade!

 

 

Geralmente vemos com muita admiração as pessoas que têm grande flexibilidade. Quem nunca ficou impressionado ao ver uma contorcionista no circo ou uma atleta de ginástica rítmica?

 

Entretanto, uma grande elasticidade pode gerar muitos prejuízos físicos para a pessoa. E mesmo quem não é artista nem atleta pode ter lesões por causa disso.

 

A hipermobilidade é uma condição bastante comum na população, atinge em diferentes graus cerca de 30% das pessoas. Não é considerada uma doença, mas pode predispor a tendinites, escoliose, desgastes nas articulações, entre outros problemas.

 

A hipermobilidade é causada por uma falha genética que ocasiona defeitos no colágeno (proteína mais abundante no corpo) que dá sustentação aos tecidos. É um defeito dos tecidos moles, como tendões e ligamentos.Essa fraqueza torna os tecidos do corpo menos robustos e, portanto, menos capazes de enfrentar as tensões físicas da vida diária.

 

No caso da ATM, pessoas hipermóveis têm mais susceptibilidade ao deslocamento de disco articular, um tipo de disfunção que pode causar estalos quando a pessoa abre a boca e que comentei em outro post (leia aqui).

 

Quando a pessoa que tem hipermobilidade apresenta hábitos como ranger ou apertar dentes, roer unhas, morder objetos, aumentam as chances de problemas na ATM.
Diversos estudos também sugerem que a síndrome da hipermobilidade articular está fortemente associada ao aumento na incidência e na frequência de enxaquecas em mulheres. Além disso, nesse caso a dor tende a ser mais incapacitante.

 

Quanto mais cedo a hipermobilidade for detectada, menores serão os riscos de futuros problemas de saúde. Segundo Neuseli Lamari, professora da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, “a proposta é que as pessoas descubram o que tem, por que tem e o que fazer. Conhecer seus limites para o trabalho, esporte e recreação é fundamental para se proteger contra lesões”. a orientação de um fisioterapeuta pode ajudar muito para que quem tem hipermobilidade previna-se contra as lesões.

 

 

Quer saber se você tem hipermobilidade?

 

O diagnóstico é feito por um teste simples, chamado Índice de Beighton:

 

Tente tocar o dedo polegar direito no antebraço.
Tente tocar o dedo polegar esquerdo no antebraço.
Puxe o dedo mínimo da mão direita para trás. Não pode voltar mais que 90 graus.
Puxe o dedo mínimo da mão esquerda para trás. Não pode voltar mais que 90 graus.
Estique o braço direito. O cotovelo deve ficar reto, jamais arqueado.
Estique o braço esquerdo. O cotovelo deve ficar reto, jamais arqueado.
Em pé, posicione a perna direita de forma reta. O joelho não deve ficar curvado para trás.
Em pé, posicione a perna esquerda de forma reta. O joelho não deve ficar curvado para trás.
Mesmo em pé, tente colocar as duas mãos abertas no chão.Somar um ponto para cada resposta correta.

 

Se alcançar quatro pontos é sinal de que tem hipermobilidade.

 

Se você desconfia que tem hipermobilidade e sente algum tipo de dor articular, consulte-se com um médico reumatologista. E caso você tenha algum tipo de dor na face ou qualquer sintoma de Disfunção da ATM*, procure também um dentista especialista nessa área.

 

*Alguns sintomas característicos de DTM são: dor de cabeça na região das têmporas (cefaleia tensional), dor ou cansaço nos músculos da mastigação, dor ou zumbido no ouvido, limitação de abertura da boca e estalos no momento em que a boca é aberta.

 

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